ATA DA QUADRAGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 22.10.1987.
Aos vinte e
dois dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e oitenta e sete
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Quadragésima Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa
Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear os cinqüenta anos da
Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, FIERGS. Às dezessete horas e
vinte e nove minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente
declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao
Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver.
Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr.
Dagoberto Lima Godoy, Vice-Presidente em exercício da Fiergs; Ver. Nereu
D’Ávila, Secretário Municipal da Indústria e Comércio, representando, neste
ato, o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares; Dr. Carlos Willy Engels,
representando a Federasul; Sr. Leonel Ricardo Tonniges, representando, neste
ato, o Dep. José Ivo Sartori, Secretário Estadual da Ação Social e Comunitária;
Cel. PM Adyr Coelho dos Santos, representando, neste ato, o Comandante-Geral da
Brigada Militar, Cel. PM Jerônimo Braga; Sr. Wilson Muller, representando a
Direção da RBS e Fundação Maurício Sirotsky; Verª. Gladis Mantelli, 1ª
Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Sr. Presidente
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Hermes
Dutra, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PDS e PL, disse que
essa homenagem não necessita de nenhuma justificativa, pois os serviços que a
Fiergs presta ao Estado e a importância dessa entidade para a nossa economia
por si só já a explicam. Comentou o espírito empreendedor da Fiergs, citando
como um exemplo o Senai, como órgão formador de mão-de-obra especializada.
Destacou a atuação de vários de seus dirigentes desde mil novecentos e trinta e
sete, dizendo que a Fiergs, esteve presente em todos os momentos significativos
do Estado, postulando pelo incentivo à livre iniciativa e consolidação da
economia gaúcha. Declarou estar apresentando projeto à Casa, que denominará Av.
Plínio Kroeff a principal Av. do Porto Seco, em homenagem ao presidente da
Fiergs no período de mil novecentos e sessenta e dois a mil novecentos e
setenta e um. A Verª. Gladis Mantelli, em nome da Bancada do PMDB, disse de sua
satisfação em representar seu partido nesta homenagem. Comentou os cinqüenta
anos da Fiergs, desenvolvidos em prol do aprimoramento e progresso de nossa
economia, através de sua indústria e de seu parque fabril. Cumprimentou a
Diretoria daquela entidade e mencionou a pessoa do Sr. A. J. Renner, que, em
mil novecentos e trinta e sete, lançou a idéia de formação da Fiergs. E o Ver.
Artur Zanella, em nome das Bancadas do PFL e do PDT, congratulou-se com a
Fiergs pelos seus cinqüenta anos, fazendo uma análise da situação política,
econômica e social em que se encontra o País. Destacou a instabilidade
observada nos diversos setores brasileiros, comentando os rumos que vem tomando
os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte. Criticou a falta de incentivo
à iniciativa privada vista nesses trabalhos, salientando a importância da
Fiergs para a união da classe empresarial na busca de soluções de seus
problemas. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr.
Dagoberto Lima Godoy, Vice-Presidente em exercício da Fiergs, que agradeceu a
presente homenagem. A seguir, o Sr. Presidente faz pronunciamento alusivo à
solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à
Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às
dezoito horas e dezenove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pela Verª. Gladis Mantelli. Do que
eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Estão abertos os trabalhos
desta Sessão Solene destinada a homenagear os 50 anos da Federação das
Indústrias do RS. Com a palavra o Ver. Hermes Dutra, que falará pelo PDS, PL e
como proponente da Sessão.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Srs. Convidados: a homenagem desta tarde, aqui na Câmara
Municipal, não necessitaria de nenhuma justificativa. Pela importância que
representa na economia gaúcha, resultado de meio século de trabalho profícuo,
engrandecendo o setor secundário e todo o Estado, por si só fala da justeza
deste evento em que a comunidade de Porto Alegre representada pela Câmara
Municipal de Vereadores, presta a todos os que ao longo desses 50 anos forjaram
com dignidade, luta e muita dedicação a fortaleza que é a Federação das
Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.
Não é preciso procurar muito, e tampouco ir muito longe para mostrar os
resultados dessa Entidade ligada às indústrias do Rio Grande do Sul. Basta
lembrar o SESI, o SENAI e CIEE, no Rio Grande do Sul, exemplos dignificantes da
capacidade empreendedora de nosso empresariado.
Neste cinqüentenário de luta pelos interesses da classe industrial do
Estado gaúcho, a FIERGS lançou reflexos de imensos benefícios a toda a
coletividade rio-grandense. Iniciativas concretas como estas, SESI, SENAI e
CIEE, demonstram de sobejo, a característica de empreendimento da FIERGS e de
seus dirigentes. Somente o SESI, em apenas um bairro de Porto Alegre, o Bairro
Anchieta, atendeu a cinco mil e quinhentos e noventa e quatro solicitações de
trabalhadores na área da saúde; o SENAI, outro exemplo do dinamismo e alto
espírito empreendedor dos industriais, carreou para o Rio Grande do Sul, só nos
primeiros oito meses deste ano, recursos de cem milhões de cruzados aplicados
para reequipar as trinta unidades existentes aqui no Estado e que formam ano a
ano, milhares de jovens. Jovens estes, que recebem a melhor formação, amparados
em equipamentos modernos e em professores e técnicos altamente especializados,
muitos deles oriundos do próprio SENAI. E o Centro de Apoio à Pequena e Média
Empresa do Rio Grande do Sul? Não é o reflexo da preocupação da Federação com o
desenvolvimento da economia rio-grandense como um todo? Pois é esse o quadro,
em pinceladas rápidas, que fala mais do que mil palavras da atuação e
desempenho da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, nesse
meio século de existência. O atual prédio da FIERGS, demonstra também a força
dessa união: um complexo com dezesseis mil metros quadrados de área construída
e com capacidade para acomodar até mil e setenta e uma pessoas em vinte e sete
eventos diferentes, ali na Av. Assis Brasil, 8787. É necessário destacar ainda
mais a dedicação desses industriais no que se refere ao aspecto social de todos
os componentes que formam uma comunidade? Acredito que não.
Um outro aspecto da importância desta Federação e da atuação de seus
diversos dirigentes desde sua criação em 1937, é o respeito granjeado pelas
indústrias do Rio Grande do Sul, tanto no cenário nacional como no
internacional. Com a busca incessante de meios que resultem na geração de
contribuições ao processo de desenvolvimento, até mesmo na construção de uma
nova sociedade brasileira, mais forte, soberana e justa, pela participativa
atuação do empresariado gaúcho na nova Constituição, através da defesa que vem
sendo feita pela Entidade em prol da livre iniciativa, que em síntese não é a
defesa da classe empresarial mas sim, da liberdade de cada cidadão brasileiro,
comprova, a FIERGS, que nasceu predestinada a obter sucesso em todas as suas
iniciativas. As páginas da história, ao longo de 50 anos, registram o papel
decisivo da FIERGS nos mais importantes acontecimentos do Rio Grande do Sul, estando
presente, sempre, em todas as iniciativas que visassem novos investimentos na
consolidação da economia gaúcha. Demonstram, ainda, estas mesmas páginas que,
com trabalho e dignidade cada pessoa pode conseguir construir sua independência
econômica e prosperidade ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento da
comunidade a qual pertence. Postular a livre iniciativa é permitir a formação
de um Estado livre, soberano e, por conseqüência, um Brasil forte e pujante em
benefício de todos os brasileiros. E, é neste sentido que mais uma vez a FIERGS
demonstra o seu desprendimento e a sua força de luta, buscando o
desenvolvimento e a modernização da sociedade brasileira num todo, na tentativa
de afirmar o nosso Estado, dentro da linha de defesa da livre iniciativa, da
liberdade de empreendimentos o que seja, talvez, seu mais importante papel
nesse período de existência, a partir de suas propostas e desafios na luta
incessante em benefício do desenvolvimento industrial do Rio Grande do Sul.
Os mais importantes acontecimentos do Rio Grande do Sul, tiveram a
participação decisiva da FIERGS nesses 50 anos de existência. Nesse período,
esta Entidade tem estado presente, sempre, em todas as iniciativas que tivessem
como objetivo principal consolidar a posição do Rio Grande do Sul dentro da
economia do País. A FIERGS, desde seu início em 14 de agosto de 1937, tem se
mostrado forte para vencer todos os desafios. Passou pelo Estado Novo, de
Vargas, que representou a intervenção efetiva do governo na economia e também,
pela Segunda Guerra Mundial, mostrando que a união de forças de um segmento
pode representar a saída para vencer muitos obstáculos. E, hoje, num cenário
que podemos classificar de diferente mas não menos difícil, com crise econômica
que sufoca os mais frágeis e que debilita os de ânimo fraco, a FIERGS aí está a
demonstrar que vale a pena lutar pela consolidação do fortalecimento
industrial. Que este fortalecimento traz como conseqüência uma série infindável
de benefícios econômicos e sociais. Em síntese: a união de uma classe
empreendedora vence sempre, qualquer tipo de crise.
E é com esta postura, com os olhos voltados para o futuro, que a FIERGS
escreve a sua trajetória, contribuindo decisivamente no desenvolvimento
macroeconômico de nosso Estado. A mobilização empresarial liderada pela
Entidade, é um exemplo do comprometimento comunitário e social de seus
associados. Na verdade, a caminhada iniciada em 1937, demonstra que a FIERGS
teve sempre uma orientação de homens que distinguiram as necessidades de seus
tempos. E como a demonstrar essa imagem, o atual presidente, LUIZ CARLOS
MANDELLI, com energia e desprendimento, encabeça as lutas em benefício da
comunidade rio-grandense com a iniciativa do diálogo na busca de resultados que
no somatório deixam como saldo o engrandecimento das indústrias, do
empresariado, dos trabalhadores e do Estado. Se permitido fosse, em razão do
tempo, realizar um balanço da atuação dessa Entidade, essa análise iniciaria
pela preocupação constante em apoiar toda e qualquer iniciativa que busque o
desenvolvimento do Rio Grande do Sul, como os investimentos na infra-estrutura.
É bom saber que temos a FIERGS e que estaremos sempre bem representados
na história nacional. É bom saber que num momento decisivo da vida nacional,
temos uma força pujante, empreendedora e dinâmica na luta pela justiça, pelos
direitos dos empreendimentos livres e pela riqueza da Nação, com empresários
unidos por uma Constituinte que possa representar de forma equânime o
pensamento de todos os segmentos da sociedade brasileira. A indústria do Rio
Grande do Sul pode e deve ser cumprimentada muitas vezes pela feliz idéia
surgida nos idos de 37.
Cumprimentar a FIERGS, seus dirigentes e associados pelo seu
cinqüentenário é estender esse cumprimento a todos os que, direta ou
indiretamente, solidificaram ações arrojadas em prol da sociedade. É tentar
expressar, talvez de forma singela, pela grandeza desta Entidade no cenário
gaúcho e nacional, um agradecimento pela luta, pelo denodo, eficiência e
desprendimento na jornada criativa de contribuições efetivas no desenvolvimento
e na solidificação da economia do nosso Estado.
Parabéns FIERGS, meus cumprimentos e, tenho certeza, os de meus
companheiros nesta Casa, pelos 50 anos, pelo trabalho e pelas realidades que aí
estão: SENAI, SESI, Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e Centro de
Apoio à Pequena e Média Empresa do Rio Grande do Sul. Parabéns, igualmente,
pela meta traçada em defesa da livre iniciativa, de maneira especial, neste
momento em que o País enfrenta sérias dificuldades em toda sua conjuntura
econômica e social. Ao buscar a liberdade de novas realizações, a FIERGS,
assume talvez, seu mais decisivo desafio ao longo de sua exitosa história. É
mais uma luta em benefício do desenvolvimento do Estado, do parque industrial e
do País.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul nasceu para
marcar de maneira inquestionável a própria economia rio-grandense de forma
positiva, vencendo todas as etapas sedimentares de suas diretrizes.
Para finalizar, tenho a satisfação de comunicar à Presidência, às
lideranças e colegas desta Casa, à Presidência e Direção da FIERGS e aos
ilustres convidados presentes, que estou apresentando projeto de lei - proposta
que conta com a concordância antecipada do ilustre Sr. Prefeito Municipal com
vistas a denominar Plínio Kroeff a principal Avenida do Porto Seco. Local em
que está prevista a criação da última área industrial de Porto Alegre.
Esta homenagem incontestavelmente merecida a este grande líder
industrial que presidiu a FIERGS de 62 a 71, significando a condução de um
processo de desenvolvimento na indústria do Rio Grande do Sul que marcou época
e que seguramente virou mais uma página neste processo industrial do nosso
Estado.
A lembrança do nome Plínio Kroeff, entendemos nós, é a melhor forma de,
efetivamente, marcarmos, de uma forma concreta, a nossa homenagem à FIERGS
pelos seus 50 anos. Representa este preito ao nome de Plínio Kroeff uma
homenagem extensiva a todos quantos lutaram e lutam pelo progresso e desenvolvimento
do nosso estado e do nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Verª Gladis
Mantelli, que falará em nome do PMDB.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Srs. Convidados:
É uma satisfação representar a Bancada do PMDB nesta homenagem que a
Câmara presta a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, no ano
em que completa o seu cinqüentenário.
São 50 anos de atividades desenvolvidas em favor de um maior
desenvolvimento da nossa terra, do aprimoramento técnico de nosso parque fabril
e da unificação de esforços dos integrantes do setor.
Embora esteja o setor industrial apresentando dificuldades
conjunturais, ocasionadas pela situação adversa em que se encontra o País, a
nossa expectativa é de que este supere os desafios e continue crescendo e
reinvestindo no Rio Grande do Sul.
No momento em que o cumprimento, Dr. Luiz Carlos Mandelli, quero
estender nossa saudação aos demais integrantes da diretoria, que tem
demonstrado uma postura em defesa do bom relacionamento entre empregados e
empregadores. Postura esta que corresponde aos objetivos de uma sociedade
democrática.
Sua equipe tem buscado o fortalecimento da economia do Estado,
apresentando sugestões e colocando-se como comparticipes no encontro de
alternativas para os problemas que enfrenta o Rio Grande do Sul, frente ao
poder central.
Nesta oportunidade não poderia deixar de mencionar A. J. Renner, que,
em 1937 lançou a idéia inicial de formar um órgão que congregasse a indústria
do Rio Grande do Sul. Pode-se aí observar que já há 50 anos sentia-se a
necessidade de criar um órgão forte que unisse os vários ramos da indústria não
só da Capital como de todo o Estado.
Ao completar seu jubileu de
ouro, desejamos que a FIERGS continue congregando todas as forças produtivas do
Estado e contribuindo para o processo de reconstrução da nova sociedade
brasileira que hoje rediscute seu papel.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Artur
Zanella, pelo PFL e PDT.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Srs. Convidados. Há até uma praxe, uma regra não escrita nesta
Casa, que ao Vereador proponente das Sessões, cabe o árduo papel de definir os
pontos principais pelos quais se faz a homenagem. E aos outros Vereadores, já
que o assunto praticamente se extingue em termos históricos cabe - e hoje cabe
mais ainda, me parece - aduzir alguns comentários sobre a efeméride que estamos
comemorando. E, normalmente, nesta segunda parte, se fala de improviso, e é o
que eu pretendia fazer. Porém como eu acho que, hoje, não se deve somente
comemorar os 50 anos da FIERGS mas também se faz necessário uma análise sobre a
situação - política, econômica, financeira e social - que é a mais grave de
toda a história do País, por suas implicações nacionais e internacionais.
Temos como pontos focais de análise, a fragilidade do Governo Federal,
que não define suas linhas ideológica e programática, confundindo-as somente
com a troca de nomes de Ministros e discussão sobre a extensão de seu próprio
mandato.
Vivemos uma política econômica, então, sinuosa e oscilante, que vai
desde conservadorismo extremado do início do Governo ao misticismo gerador das
medidas do Plano Cruzado.
Temos uma política financeira dedicada a confiscar cada vez mais
recursos dos contribuintes, sob os mais diversos rótulos e justificativas,
mantendo-se porém inalterada a matriz geradora dos problemas - os gastos
públicos - com seu déficit centenário e a aversão governamental a tudo que se
relacione com austeridade.
A crise social se espalha, com o aumento do desemprego, desânimo e
descrença do povo - com tudo e com todos - falta de assistência médica, com a
segurança pública falida e encurralada pelo clamor das massas, com a educação
em decomposição, sem perspectivas de um futuro melhor para a maior parte de
nosso povo.
Hoje, quando a realidade consegue penetrar na mente de muitos de nossos
dirigentes verifica-se que ela não é feita de flores e sonhos - é por isso que
o ataque às origens de nossos problemas transforma-se a mais das vezes numa
tática de desvio de atenções.
Os alvos prediletos passam a ser os de sempre: as multinacionais
exploradoras, as heranças encontradas, a dívida externa e como bodes
expiatórios são eleitos os empresários, sejam eles rurais, industriais ou
comerciais.
E a solução para tudo, a panacéia universal, era, é, e parece-me,
continuará sendo por muito tempo, a nova Constituição.
E aí, então, chegamos ao Processo Constituinte onde em alguns pontos, a
demagogia une-se à má fé e a ignorância, propondo-se que a Constituição
assegure todos os benefícios sem a contrapartida de qualquer Dever, a não ser
para a Sociedade que, como um todo, pagará a conta.
É este o momento então de uma reação das classes mais diretamente
envolvidas: a Empresarial - que está sendo chamada a pagar a conta e os
trabalhadores, que, aparentemente, serão os maiores beneficiados com a
irrealidade de um texto constitucional, mas que na verdade serão os maiores
prejudicados quando o desemprego bater em suas portas.
Não é possível também que em uma reforma tributária se imagine a
cobrança de mais impostos.
Não é possível também que em qualquer incentivo à atividade empresarial
seja logo inquinada de favorecimento ilícito.
Não é possível que a comunidade cada vez mais arque com as tarefas
específicas do Poder Público, com auxílios à Segurança, Educação, Saúde e tudo
o mais que ao Estado compete, transfere coercivamente aos cidadãos.
Isso, e muito mais, deve ser analisado quando se comemoram os cinqüenta
anos da FIERGS: a criação de Zonas de Processamento de Exportação, em
detrimento da Indústria tradicional, da participação da comunidade - e não só
do governo - nos órgãos decisórios e finalmente, a apregoada estabilidade de
emprego aos noventa dias de trabalho, sem dar o mínimo tempo até para o conhecimento
mútuo entre o empregado e empregador.
E os trabalhadores terão sua estabilidade garantida em Empresa falidas
e empregos inexistentes, gerando a necessidade ilusória de intervenção maior do
Estado, liquidando de vez, a iniciativa privada em um primeiro momento e a
liberdade, em uma segunda etapa.
É por isso que me incluo, sem ter Empresa e sem ser Empresário, no
movimento “LIBERDADE EMPRESARIAL”, em tão boa hora criado e desenvolvido no Rio
Grande do Sul e Brasil, sob a égide dos defensores da livre iniciativa.
É este o caminho, a livre negociação das partes legitimamente
interessadas é que deverá regrar o futuro de nossa economia, dentro dos
princípios de liberdade, da livre iniciativa e autodeterminação das pessoas.
E para isso é preciso união, organização, líderes modernos e patriotas,
em uma entidade também moderna e que tenha atrás de si a tradição de serviços
já prestados à Comunidade e à Nação e ainda que tenha uma liderança efetiva a
conduzi-la.
As lideranças podem ser representadas por Luiz Carlos Mandelli, hoje
tão bem substituído por Dagoberto Lima Godoy, sempre distinguido por
publicações nacionais como um dos principais líderes empresariais da Região
Sul, que trás em sua figura - em seu nome -, a estirpe de todos aqueles que se
destacaram no setor industrial gaúcho em todos os tempos.
E esta Entidade é a FIERGS - Federação das Indústrias do Estado do Rio
Grande do Sul - que em seus 50 anos sempre nos proporcionou a confiança de sua
integridade e nos dá a honra de sua presença nesta homenagem da Cidade. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr.
Dagoberto Lima Godoy.
O SR. DAGOBERTO LIMA GODOY: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Srs. Convidados. Em nome da Federação das Indústrias do Estado do
Rio Grande do Sul apresento os sinceros agradecimentos pela homenagem prestada
à entidade pelo seu cinqüentenário. Nesses 50 anos, houve muitas mudanças no
Brasil e na economia rio-grandense. Dentre elas, destacamos o início de um
processo de aproximação do empresariado com a classe política, tentando superar
o abismo que se criou na história recente do País.
Assim, a homenagem do legislativo municipal é mais do que uma
iniciativa protocolar. Para nós é um símbolo do necessário entrelaçamento do
poder político com os agentes econômicos, tendo como meta o bem comum.
A empresa não pode mais ser vista como um empreendimento isolado de seu
meio, à parte do local onde está sendo instalada, ou mesmo pairando sobre a
comunidade na qual se insere. É preciso compreender que há uma permanente
interação entre a iniciativa privada e o Município onde ela está presente.
Este conceito de integração assume importância na medida em que os
empreendimentos econômicos e as comunidades passam a trabalhar juntos em busca
de soluções comuns, repartindo os encargos inerentes a qualquer processo de
desenvolvimento.
O trabalho integrado das empresas e das comunidades terá pela frente o
desafio da adequação da vida municipal aos dispositivos da nova Constituição
brasileira. As alterações introduzidas pela Carta Magna precisarão, a nosso
ver, do debate dos legislativos municipais em conjunto com os empresários a fim
de que as suas aplicações, ou as deliberações deixadas a critério dos
municípios, revertam realmente em benefícios concretos para todas as
comunidades.
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul já coloca-se à
disposição para o assessoramento das discussões que estamos prevendo. E nossa
convicção é de que chegaremos a resultados felizes, pois o espírito comunitário
e associativista é uma das características marcantes do empresariado gaúcho.
A FIERGS tem hoje 81 sindicatos filiados nas diversas regiões do
Estado. Somando-se à estrutura sindical, contamos ainda com a união de 130
associações, centros e câmaras de indústria e comércio que se reportam ao
Centro das Indústrias, formando o Sistema Fiergs/Ciergs.
Este universo da representatividade empresarial tem na vida municipal
sua expressão primeira, pois são os municípios as células do organismo
nacional. No Rio Grande do Sul, temos 30.446 estabelecimentos industriais, dos
quais 5.840 se localizam no Município de Porto Alegre.
Desta forma, a integração município/indústria vale para qualquer
dimensão quantitativa, mas cresce sua responsabilidade no caso da Capital do
Estado. E estamos dispostos a arregaçar mangas no sentido de atingir os
melhores objetivos para o progresso do Município, sem perder, contudo, a visão
necessária do desenvolvimento harmônico de todo o Rio Grande do Sul.
Essa visão de conjunto, infelizmente, não está expressa em várias
questões hoje em debate na Assembléia Nacional Constituinte. Mas vamos
continuar lutando para que o bom senso prepondere nas decisões sobre o texto
final da nova Constituição.
Aliás, se nesta solenidade tivemos a honra de representar a FIERGS, é
porque nosso presidente, Luiz Carlos Mandelli, teve que se deslocar a Brasília
a fim de continuar o esforço do empresariado rio-grandense que objetiva, em
última análise, a promulgação de uma Carta Magna democrática e duradoura.
Em nome do nosso presidente, em nome de todos os companheiros de
diretoria da FIERGS e, creio, em nome de todos os industriais do Rio Grande do
Sul, agradeço sensibilizado à homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Ela ficará gravada em nossa memória e em nossa história. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos as palavras
proferidas pelo representante da FIERGS, que, em verdade, seu vice-presidente
em exercício Dagoberto Lima Godoy exatamente traduziu aquilo que foi o
propósito do Plenário, ao aprovarmos por unanimidade, para nos imanarmos com a
FIERGS na passagem de seus 50 anos, no sentido de estabelecermos uma interação,
o que nos legislativos também existe, apesar do mau hábito estabelecido neste
País de desconhecermos certos fatos. Seria impossível imaginar uma democracia
sem um Legislativo. A retomada desse curso, quero crer, moveu a todos, mas S.
Sa. foi feliz em gizar esse episódio e dizer que este momento, simbolicamente,
não deixou de ser uma espécie de reencontro, tão necessário para a convivência
e para a pujança da nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h19min.)
* * * * *